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Suicídio: precisamos de habilidades críticas para falarmos sobre

por Matheus Bertolini

O paradigma do silêncio ainda está associado à temática do suicídio. A mídia não noticia e as pessoas não são culturalmente educadas a dialogarem sobre a morte autoprovocada. O estereótipo e o preconceito que sustentam a temática distanciam a vítima e os sobreviventes de uma possível reinserção social e de uma assistência digna na valorização de sua vida.

Pouco se sabe sobre a temática, e menos ainda sobre a forma correta de tal abordagem. A máxima atual defendida pelo CVV – Centro de Valorização da Vida, é que “Precisamos falar sobre”. A ambiguidade da frase nos coloca em uma reflexão necessária de que as vítimas precisam de espaços confortáveis para o diálogo e, portanto, é crucial a escuta crítica de um par. Além disso, outro sentido está na importância de tirarmos o peso de tabu sobre a temática, a partir do momento que naturalizamos o feito e evidenciamos que todos estão propícios e que há um caminho alternativo no rompimento desse sofrimento.

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O criticismo para a contextualização do suicídio inicia-se, como já dito, na escuta crítica de um par. Isso significa a disponibilidade de escuta e auxílio que algum par (amigo, familiar, professor, ou outra pessoa que complete a confiança da vítima) oferece ao colocar-se a disposição da divisão daquele mal. Escutar criticamente o sofrimento do outro, é ouvir um grito por ajuda que muitas vezes é silencioso, é dispor-se a conhecer o próximo e a ti mesmo, é encontrar cura para alguém que já desistiu de viver.

Falar corretamente sobre o suicídio é outra tarefa que está emergindo na era digital. Os espaços conectados dão luz para uma contextualização embebida de sombras. Os tabus e estereótipos estão em uma linha tênue da propagação indevida e da possibilidade do rompimento de tais rótulos. Nessa ótica, é necessário que saibamos diferenciar o que é correto ou não nesses produtos que estão tomando conta de espaços digitais. A literacia midiática surge como a habilidade capaz de acender uma compreensão correta e ética diante a temática, promovendo mais conteúdos que valorizem a vida e não ajam no sentido reverso, ou seja, um gatilho.

Por fim, a construção desse criticismo não é fácil, de tal forma que inicia-se esse processo na educação e permeia-se por diferentes níveis culturais, sociais, psicológicos, tecnológicos, entre outros, que convergem o conhecimento, lastro e vivência desses prosumidores que tornam-se capazes de consumirem conteúdo de qualidade e, simultaneamente, interpretarem, produzirem e propagarem, materiais que não são nocivos e tóxicos, mas assumem em sua estruturação uma preocupação de ensino que vai para um aprendizado extra escolar, e assim, promovem a valorização da vida, o amparo aos sobreviventes e a instrução para que mais pessoas possam ouvir, ler e falar criticamente sobre a temática.

 


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